Contribuições em negócios, tecnologia da informação, gestão do conhecimento e redes sociais.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
E o GFAL não terminou
Pois é... aqui estou num ambiente em que já encerrou a conferência final do Global Forum America Latina. Blogs, site, gravação de entrevistas e depoimentos, jornais transmitidos pela Web, criação das comunidades virtuais de prática, tudo funcionou. Mas isso é tema que está no site.
Terminou? Nada disso...
Primeiro, porque agora está ocorrendo uma conferência / conversa sobre como trabalhar com redes sociais, e a formação da Escola de Redes, em Curitiba. Quem fala agora é o Augusto de Franco. OOOOps... Está mudando para o David de Ugarte (foto acima).
Depois disso virá... bem, falta falar o segundo motivo e não posso me estender.
Segundo, o GFAL não acaba. Ele não é um evento, é um processo. Não é uma conferência, é um forum onde se trabalhará sustentavelmente para a sustentabilidade. Já está marcado: Call-for-action em Curitiba (29 e 30/julho/2008) e São Paulo (21 e 22/agosto/2008).
E mais: a blogosfera http:\\gfal.blogspot.com e os blogs que ela liga em rede vão continuar, o site http://www.globalforum.com.br trará notícias, documentos, vídeos, filmes, depoimentos de participantes e muito mais.
Pense em Sustentabilidade. Pense em redes sociais. Pense em agir, fazer algo por elas. O trabalho prossegue...
quarta-feira, 18 de junho de 2008
O GFAL começou...
Estamos começando o GFAL com uma nova abordagem: desenvolver redes sociais como instrumento de Sustentabilidade. Teremos comunidades de prática e aprendizagem - que discutirão temas relacionados - e teremos depoimentos de participantes do GFAL e muito mais. Veja o link na parte de links, ao lado. Um certamente já está lá: o meu. Veja o vídeo acima pelo conteúdo, sim, mas principalmente para pensarmos em como instrumentos como esse que acabei de usar no GFAL para gravar farão alguma diferença. Falaremos mais depois
quinta-feira, 12 de junho de 2008
O GFAL está de vento em popa, ou será bola na rede?
Um indicador seguro do sucesso em um evento é quando, em vez de você perguntar a uma pessoa se sabe dele, as pessoas é que perguntam a você sobre isso. Tem acontecido comigo com professores, empresários, alunos.
E hoje uma Universidade perguntou se na transmissão Web que está programada para universidades poderia haver debates on-line. Respostas aqui ou no site, até terça-feira. Quem quiser saber mais coloque comentários ou mande e-mail para pedro.carmona@fiepr.org.br.
Outra Universidade quer apresentar as palestras para seus alunos e que os professores que não podem viajar a Curitiba possam debater as questões. Solução: transmissão para os alunos via Web, professores podem ir a uma sede do SESI na sua cidade e assistir via satélite (nessa cidade há tele-sala SESI/Unindus).
Em tempo: na maioria das cidades onde há tele-salas SESI - Unindus (veja lista em http://www.unindus.org.br/rei/FreeComponent4374content30587.shtml), haverá recepção das palestras com alta qualidade (por satélite na rede SESI de EAD) e trabalhos em grupo idênticos ao que estará acontecendo no Global Forum.
Mas é claro que estar pessoalmente no evento é mais emocionante, além da troca de idéias e do networking. Mais notícias logo...
E hoje uma Universidade perguntou se na transmissão Web que está programada para universidades poderia haver debates on-line. Respostas aqui ou no site, até terça-feira. Quem quiser saber mais coloque comentários ou mande e-mail para pedro.carmona@fiepr.org.br.
Outra Universidade quer apresentar as palestras para seus alunos e que os professores que não podem viajar a Curitiba possam debater as questões. Solução: transmissão para os alunos via Web, professores podem ir a uma sede do SESI na sua cidade e assistir via satélite (nessa cidade há tele-sala SESI/Unindus).
Em tempo: na maioria das cidades onde há tele-salas SESI - Unindus (veja lista em http://www.unindus.org.br/rei/FreeComponent4374content30587.shtml), haverá recepção das palestras com alta qualidade (por satélite na rede SESI de EAD) e trabalhos em grupo idênticos ao que estará acontecendo no Global Forum.
Mas é claro que estar pessoalmente no evento é mais emocionante, além da troca de idéias e do networking. Mais notícias logo...
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Faltará só uma coisinha...
Augusto de Franco colocou em seu blog uma pergunta, que resumindo é: por que as empresas precisariam preocupar-se com sustentabilidade? Que utilidade teria para elas? Caso você tenha a resposta, comente por favor.
Se antes de comentar quiser saber o que Augusto diz (eu recomendo), leia em seu blog clicando aqui ou procure nele "um debate que está rolando na rede".
Complementando, o Marcos recomendou-me a leitura de um brilhante artigo no jornal Gazeta do Povo, de autoria de Belmiro Valverde, um professor com respeitável bagagem adquirida em atividades anteriores tanto em governo quanto em grandes empresas: ele aborda a insustentabilidade do modelo atual de desenvolvimento gerado pelo estilo de vida da parte afluente da população mundial, e menciona o Global Forum da América Latina como tendo um papel relevante para o redirecionamento da mentalidade acadêmica e empresarial.
Já temos gente sábia e lúcida falando de sustentabilidade. Já temos uma blogosfera. Teremos o Global Forum de 18 a 20/junho. Só faltará garantirmos uma coisinha para assegurar a mudança: que as ações que serão planejadas cheguem a dar resultado e não parem antes. Será que estará em pé a Lei de Pareto, onde 80% dos resultados corresponderiam a 20% do esforço (fácil) ou a de Thomas Edison, quando dizia que o gênio é 1% de inspiração e 99% de suor? Estou mais para aceitar Thomas Edison, e atrevo-me a propor um novo estímulo: precisamos 100% de transpiração para ter 100% de segurança de que será real essa nova época em que Academia e Empresas trabalharão juntas para pensar em Sustentabilidade.
Se antes de comentar quiser saber o que Augusto diz (eu recomendo), leia em seu blog clicando aqui ou procure nele "um debate que está rolando na rede".
Complementando, o Marcos recomendou-me a leitura de um brilhante artigo no jornal Gazeta do Povo, de autoria de Belmiro Valverde, um professor com respeitável bagagem adquirida em atividades anteriores tanto em governo quanto em grandes empresas: ele aborda a insustentabilidade do modelo atual de desenvolvimento gerado pelo estilo de vida da parte afluente da população mundial, e menciona o Global Forum da América Latina como tendo um papel relevante para o redirecionamento da mentalidade acadêmica e empresarial.
Já temos gente sábia e lúcida falando de sustentabilidade. Já temos uma blogosfera. Teremos o Global Forum de 18 a 20/junho. Só faltará garantirmos uma coisinha para assegurar a mudança: que as ações que serão planejadas cheguem a dar resultado e não parem antes. Será que estará em pé a Lei de Pareto, onde 80% dos resultados corresponderiam a 20% do esforço (fácil) ou a de Thomas Edison, quando dizia que o gênio é 1% de inspiração e 99% de suor? Estou mais para aceitar Thomas Edison, e atrevo-me a propor um novo estímulo: precisamos 100% de transpiração para ter 100% de segurança de que será real essa nova época em que Academia e Empresas trabalharão juntas para pensar em Sustentabilidade.
Sobre as relações entre responsabilidade social e sustentabilidade empresarial
No dia 20 de junho de 2008, logo após o encerramento oficial do Global Fórum América Latina, que ocorrerá no CIETEP, em Curitiba a partir do dia 18, haverá a Pós-Conferência Redes Sociais e Sustentabilidade, com a participação de Juan Urrutia, David de Ugarte e Augusto de Franco. A mesa será coordenada por Rodrigo Loures.
Várias idéias importantes estarão em debate neste evento. Adianto aqui as discussões que pretendo propor aos outros palestrantes e aos participantes.
Uma empresa deve exercer de uma nova maneira a sua responsabilidade social se quiser trilhar o caminho da busca da sustentabilidade. Uma empresa não pode conquistar sua sustentabilidade apenas por razões empresariais, econômicas, de mercado e, portanto, deve atuar em outros setores, regidos por outras lógicas ou por outras racionalidades. Em outras palavras, a dinâmica competitiva (própria do chamado segundo setor) é necessária, mas não é suficiente quando o assunto é sustentabilidade (exigindo que se incorpore também, no processo de conquista da sustentabilidade, outras dinâmicas, cooperativas e normativas). Mas por quê?
A explicação é bem simples. Nenhuma empresa consegue, ao mesmo tempo, produzir todos os capitais de que precisa e se manter economicamente viável no curto e no longo prazos.
Parte considerável do capital natural, do capital humano e do capital social que a empresa utiliza em seus processos produtivos ou econômicos já deve estar no ambiente em que a empresa existe. No tocante ao capital natural, por exemplo, alguns desses recursos (como o ar atmosférico) ainda não têm custo, mas outros (como a água doce, os recursos minerais e ambientais de um modo geral) já têm. Para o processo econômico ser viável é necessário que esses custos sejam compatíveis com o preço de mercado dos produtos ou serviços da empresa. É mais difícil montar uma empresa de produtos biológicos no deserto de Atacama do que em Santiago do Chile.
No tocante ao capital humano, é quase a mesma coisa. Parte do capital humano que a empresa utiliza não foi formada por ela e sim pelos sistemas público e privado de ensino e pelos esforços de auto-aprendizado dos indivíduos. Tudo isso foi pago com recursos dos cidadãos (via receita fiscal, pelo Estado e pela poupança e salário das famílias). Se uma empresa fosse pagar pela formação de todo capital humano que utiliza, ficaria inviável economicamente.
Além disso, uma empresa precisa ter condições favoráveis para substituir seus colaboradores (que falecem, ficam doentes ou mudam de emprego) sem ter que fazer para isso grandes investimentos. Se na região onde a empresa está sediada o capital humano é muito baixo, os custos de recrutamento e substituição de funcionários aumentarão perigosamente. É mais difícil montar uma empresa de software em Maceió do que em Palo Alto ou Santa Clara, no Vale do Silício, na Califórnia.
Ocorre que a educação não é o único componente do capital humano. Temos também a saúde (e a alimentação, e a nutrição). Imaginem se uma empresa fosse responsável por prover ou suprir – com seus próprios recursos – todos esses itens.
No que diz respeito ao capital social, tudo fica ainda mais evidente. Empresas localizadas em sociedades pouco cooperativas têm enormes problemas. Seus custos de transação vão para o espaço. Freqüentemente essas empresas se vêem envolvidas em toda sorte de conflitos com seus colaboradores, fornecedores, clientes e com as populações que vivem nessas localidades. Para mediar esses conflitos, as empresas gastam tempo e outros recursos preciosos que deveriam estar sendo empregados em seus processos de gestão, produção, pesquisa e desenvolvimento (inovação).
O mesmo ocorre com empresas situadas em países onde a segurança jurídica é baixa ou a instabilidade regulatória é muito alta. Empresas nessas condições têm que manter um imenso contencioso de advogados e, não raro, têm que subornar autoridades (parlamentares, governantes, juízes e promotores) para poder se ver livres de processos judiciais ou para poder desembaraçar trâmites burocráticos desnecessários e atender a outras exigências normativas abusivas. Tudo isso, é claro, aumenta a margem de incerteza de investimentos externos que poderiam ser atraídos pelas empresas. Não é por acaso que quem tem 1 milhão de dólares para investir em uma atividade produtiva prefira fazê-lo no Japão, na Islândia, no Canadá ou na Nova Zelândia e não na Bolívia, no Equador, na Nicarágua ou na Venezuela.
Além da insegurança jurídica, também pesa excessivamente no custo da empresa a insegurança pública, por motivos óbvios. Mas segurança pública não depende apenas de uma boa atuação do Estado. Ela depende dos padrões de convivência social e, portanto, reflete diretamente o nível do capital social. Nenhum investidor gostaria de abrir seu novo negócio na Faixa de Gaza; ou mesmo – dependendo do tipo de negócio – em certos bairros do Rio de Janeiro.
Quanto ao capital social, uma empresa sozinha pode fazer menos ainda do que em relação ao capital humano (cujos baixos níveis podem ser parcialmente compensados por programas de capacitação corporativos). Mas ainda que uma empresa pudesse investir maciçamente, com seus próprios recursos, para produzir todo o capital social de que necessita, mesmo assim isso não seria suficiente. Não é bem da natureza da atividade empresarial produzir esse tipo de recurso. O máximo que uma empresa pode fazer é tentar aumentar o seu capital social interno, promovendo métodos de gestão que requeiram iniciativa individual, empreendedorismo coletivo e protagonismo de seus colaboradores. E, fundamentalmente, introduzindo padrões de organização em rede e modos de regulação democráticos dentro da organização.
Ocorre que o capital social flui de um âmbito (público-social) que é maior do que a empresa (privada). Ele é um ambiente sobre o qual a empresa não tem autonomia para interferir sozinha. Uma empresa só poderá fazer isso se estiver aliada a uma parte da sociedade civil – aos cidadãos e suas organizações – da localidade onde está situada.
Portanto, quando se diz que a empresa deve investir no social, isso significa que ela deve investir no capital social da sociedade. Porque a chamada sociedade civil é a única forma de agenciamento capaz de produzir superávits de capital social, ou seja, é o único setor que produz mais capital social do que consome. São esses excedentes de capital social, gerados no ambiente em que a empresa está imersa, que podem ser importados pela empresa a baixo custo, desde que a empresa tenha os canais adequados para tanto. Esses canais são as relações que a empresa conseguiu estabelecer com a sociedade por meio do exercício da sua responsabilidade social. Por eles poderão fluir, tanto o capital humano quanto o capital social de que a empresa precisa, mas que, sozinha, não pode produzir totalmente.
Pode-se ver, sem grande dificuldade, que a explicação faz sentido. Uma empresa que se aliou à comunidade por meio do exercício da sua responsabilidade social será tratada de modo diferente pelo público. Suas múltiplas alianças, estabelecidas com lideranças da sociedade civil, com governos e outras instâncias estatais, a propósito desse trabalho, ao possibilitarem uma interação menos conflitiva e adversarial com as populações, serão capazes de reduzir os famosos custos de transação. E, muito além disso, abrirão novas possibilidades de negócios ou de novos modos de fazer negócios, fortalecendo aquela que será a unidade empresarial do futuro (uma comunidade formada dentro da rede de stakeholders).
É claro que existem maneiras mais eficazes e menos eficazes de fazer isso. Se uma empresa exerce sua responsabilidade empresarial doando cadeiras de rodas para a população, o efeito sistêmico de sua atuação em termos do incremento do capital social será muito pequeno (ou, em alguns casos, poderá até ser negativo: se ela só fizer isso de modo assistencialista, por exemplo). Mas se a empresa investe no ambiente como um todo, lançando mão de programas inovadores de investimento em capital social, como os programas de indução do desenvolvimento local ou setorial, aí os resultados da sua atuação serão bem mais expressivos.
Espero que você possa participar desse debate que ocorrerá na Pós-Conferência Redes Sociais e Sustentabilidade.
Para acompanhar ou participar do debate clique aqui.
No dia 20 de junho de 2008, logo após o encerramento oficial do Global Fórum América Latina, que ocorrerá no CIETEP, em Curitiba a partir do dia 18, haverá a Pós-Conferência Redes Sociais e Sustentabilidade, com a participação de Juan Urrutia, David de Ugarte e Augusto de Franco. A mesa será coordenada por Rodrigo Loures.
Várias idéias importantes estarão em debate neste evento. Adianto aqui as discussões que pretendo propor aos outros palestrantes e aos participantes.
Uma empresa deve exercer de uma nova maneira a sua responsabilidade social se quiser trilhar o caminho da busca da sustentabilidade. Uma empresa não pode conquistar sua sustentabilidade apenas por razões empresariais, econômicas, de mercado e, portanto, deve atuar em outros setores, regidos por outras lógicas ou por outras racionalidades. Em outras palavras, a dinâmica competitiva (própria do chamado segundo setor) é necessária, mas não é suficiente quando o assunto é sustentabilidade (exigindo que se incorpore também, no processo de conquista da sustentabilidade, outras dinâmicas, cooperativas e normativas). Mas por quê?
A explicação é bem simples. Nenhuma empresa consegue, ao mesmo tempo, produzir todos os capitais de que precisa e se manter economicamente viável no curto e no longo prazos.
Parte considerável do capital natural, do capital humano e do capital social que a empresa utiliza em seus processos produtivos ou econômicos já deve estar no ambiente em que a empresa existe. No tocante ao capital natural, por exemplo, alguns desses recursos (como o ar atmosférico) ainda não têm custo, mas outros (como a água doce, os recursos minerais e ambientais de um modo geral) já têm. Para o processo econômico ser viável é necessário que esses custos sejam compatíveis com o preço de mercado dos produtos ou serviços da empresa. É mais difícil montar uma empresa de produtos biológicos no deserto de Atacama do que em Santiago do Chile.
No tocante ao capital humano, é quase a mesma coisa. Parte do capital humano que a empresa utiliza não foi formada por ela e sim pelos sistemas público e privado de ensino e pelos esforços de auto-aprendizado dos indivíduos. Tudo isso foi pago com recursos dos cidadãos (via receita fiscal, pelo Estado e pela poupança e salário das famílias). Se uma empresa fosse pagar pela formação de todo capital humano que utiliza, ficaria inviável economicamente.
Além disso, uma empresa precisa ter condições favoráveis para substituir seus colaboradores (que falecem, ficam doentes ou mudam de emprego) sem ter que fazer para isso grandes investimentos. Se na região onde a empresa está sediada o capital humano é muito baixo, os custos de recrutamento e substituição de funcionários aumentarão perigosamente. É mais difícil montar uma empresa de software em Maceió do que em Palo Alto ou Santa Clara, no Vale do Silício, na Califórnia.
Ocorre que a educação não é o único componente do capital humano. Temos também a saúde (e a alimentação, e a nutrição). Imaginem se uma empresa fosse responsável por prover ou suprir – com seus próprios recursos – todos esses itens.
No que diz respeito ao capital social, tudo fica ainda mais evidente. Empresas localizadas em sociedades pouco cooperativas têm enormes problemas. Seus custos de transação vão para o espaço. Freqüentemente essas empresas se vêem envolvidas em toda sorte de conflitos com seus colaboradores, fornecedores, clientes e com as populações que vivem nessas localidades. Para mediar esses conflitos, as empresas gastam tempo e outros recursos preciosos que deveriam estar sendo empregados em seus processos de gestão, produção, pesquisa e desenvolvimento (inovação).
O mesmo ocorre com empresas situadas em países onde a segurança jurídica é baixa ou a instabilidade regulatória é muito alta. Empresas nessas condições têm que manter um imenso contencioso de advogados e, não raro, têm que subornar autoridades (parlamentares, governantes, juízes e promotores) para poder se ver livres de processos judiciais ou para poder desembaraçar trâmites burocráticos desnecessários e atender a outras exigências normativas abusivas. Tudo isso, é claro, aumenta a margem de incerteza de investimentos externos que poderiam ser atraídos pelas empresas. Não é por acaso que quem tem 1 milhão de dólares para investir em uma atividade produtiva prefira fazê-lo no Japão, na Islândia, no Canadá ou na Nova Zelândia e não na Bolívia, no Equador, na Nicarágua ou na Venezuela.
Além da insegurança jurídica, também pesa excessivamente no custo da empresa a insegurança pública, por motivos óbvios. Mas segurança pública não depende apenas de uma boa atuação do Estado. Ela depende dos padrões de convivência social e, portanto, reflete diretamente o nível do capital social. Nenhum investidor gostaria de abrir seu novo negócio na Faixa de Gaza; ou mesmo – dependendo do tipo de negócio – em certos bairros do Rio de Janeiro.
Quanto ao capital social, uma empresa sozinha pode fazer menos ainda do que em relação ao capital humano (cujos baixos níveis podem ser parcialmente compensados por programas de capacitação corporativos). Mas ainda que uma empresa pudesse investir maciçamente, com seus próprios recursos, para produzir todo o capital social de que necessita, mesmo assim isso não seria suficiente. Não é bem da natureza da atividade empresarial produzir esse tipo de recurso. O máximo que uma empresa pode fazer é tentar aumentar o seu capital social interno, promovendo métodos de gestão que requeiram iniciativa individual, empreendedorismo coletivo e protagonismo de seus colaboradores. E, fundamentalmente, introduzindo padrões de organização em rede e modos de regulação democráticos dentro da organização.
Ocorre que o capital social flui de um âmbito (público-social) que é maior do que a empresa (privada). Ele é um ambiente sobre o qual a empresa não tem autonomia para interferir sozinha. Uma empresa só poderá fazer isso se estiver aliada a uma parte da sociedade civil – aos cidadãos e suas organizações – da localidade onde está situada.
Portanto, quando se diz que a empresa deve investir no social, isso significa que ela deve investir no capital social da sociedade. Porque a chamada sociedade civil é a única forma de agenciamento capaz de produzir superávits de capital social, ou seja, é o único setor que produz mais capital social do que consome. São esses excedentes de capital social, gerados no ambiente em que a empresa está imersa, que podem ser importados pela empresa a baixo custo, desde que a empresa tenha os canais adequados para tanto. Esses canais são as relações que a empresa conseguiu estabelecer com a sociedade por meio do exercício da sua responsabilidade social. Por eles poderão fluir, tanto o capital humano quanto o capital social de que a empresa precisa, mas que, sozinha, não pode produzir totalmente.
Pode-se ver, sem grande dificuldade, que a explicação faz sentido. Uma empresa que se aliou à comunidade por meio do exercício da sua responsabilidade social será tratada de modo diferente pelo público. Suas múltiplas alianças, estabelecidas com lideranças da sociedade civil, com governos e outras instâncias estatais, a propósito desse trabalho, ao possibilitarem uma interação menos conflitiva e adversarial com as populações, serão capazes de reduzir os famosos custos de transação. E, muito além disso, abrirão novas possibilidades de negócios ou de novos modos de fazer negócios, fortalecendo aquela que será a unidade empresarial do futuro (uma comunidade formada dentro da rede de stakeholders).
É claro que existem maneiras mais eficazes e menos eficazes de fazer isso. Se uma empresa exerce sua responsabilidade empresarial doando cadeiras de rodas para a população, o efeito sistêmico de sua atuação em termos do incremento do capital social será muito pequeno (ou, em alguns casos, poderá até ser negativo: se ela só fizer isso de modo assistencialista, por exemplo). Mas se a empresa investe no ambiente como um todo, lançando mão de programas inovadores de investimento em capital social, como os programas de indução do desenvolvimento local ou setorial, aí os resultados da sua atuação serão bem mais expressivos.
Espero que você possa participar desse debate que ocorrerá na Pós-Conferência Redes Sociais e Sustentabilidade.
Para acompanhar ou participar do debate clique aqui.
postado por Augusto no GFAL às 17:24 em 06/06/2008
quinta-feira, 5 de junho de 2008
O que a Web 2.0 tem a ver com sustentabilidade?
Neste momento estou em um auditório no Cietep, assistindo a um evento promovido pelo SESI, chamado One Day Web 2.0. Tirando um título inédito (três palavras e um número com três componentes cada...) e curto para memorizar, o evento versa sobre tendencias na Web e redes sociais. Isso tem a ver com o GFAL, pois haverá no evento uma atividade no dia 20/6 com alguns expoentes das redes sociais, Augusto de Franco, Ugarte e Urrutia incluídos. Mas isso é tudo?
Não. Como podemos fazer mais com menos, divulgar idéias para um mundo melhor com custo quase zero, formar um movimento usando o que Google e outros nos permitem "bancando" custos na internet para mais sustentabilidade? Vamos entender melhor agora e usar as redes sociais para isso?
Volto ao assunto ainda, gostei dele. Quem quiser me ajude nisso.
Não. Como podemos fazer mais com menos, divulgar idéias para um mundo melhor com custo quase zero, formar um movimento usando o que Google e outros nos permitem "bancando" custos na internet para mais sustentabilidade? Vamos entender melhor agora e usar as redes sociais para isso?
Volto ao assunto ainda, gostei dele. Quem quiser me ajude nisso.
terça-feira, 3 de junho de 2008
O que vou ganhar participando do GFAL?
Participar do Global Forum parece-me importante e de alto valor para todos, e os ganhos são também de todos: os empresários, para contribuir com sua visão da sustentabilidade do ângulo da realidade empresarial; os professores, por sua responsabilidade e autoridade como educadores, para criar nos empresários dos próximos 30-40 anos (são seus alunos hoje) a atitude necessária para que nossa sociedade sobreviva. E a "sociedade" como um todo, por meio de seus representantes, para garantir sua perpetuidade.
Mas, além de que eu ganharei se a sociedade ganhar, o que eu levarei depois em minha bagagem pessoal?
Um sub-conjunto (isso é expressão de engenheiro, mas não sei outra melhor) dos participantes pode obter um valor agregado: aprender o método. O método, baseado em Investigação Apreciativa, usará uma abordagem de diálogo positivo, o que significa fazer uso de histórias, exemplos de sucesso, para motivar a criatividade e a reflexão nos trabalhos. Aprender e vivenciar o método pela prática pode ser um ganho para empresários e professores.
Mas teremos mais ainda: haverá grupos trabalhando em mesas distantes (redondas ou não) que estarão em outras cidades ligadas aos trabalhos em Curitiba por internet ou satélite, e suas conclusões serão tão locais, válidas e tempestivas quando as das pessoas que estiverem no Global Forum em Curitiba. Tudo acontecerá via satélite e Internet.
Como será nosso (delas) comportamento com essa tecnologia? Como as pessoas produzirão? Que ganhos poderemos ter aplicando o modelo no futuro? Essas respostas são benefícios colaterais, positivos, que teremos da participação no GFAL. Participe e ganhe isso também.
Mas, além de que eu ganharei se a sociedade ganhar, o que eu levarei depois em minha bagagem pessoal?
Um sub-conjunto (isso é expressão de engenheiro, mas não sei outra melhor) dos participantes pode obter um valor agregado: aprender o método. O método, baseado em Investigação Apreciativa, usará uma abordagem de diálogo positivo, o que significa fazer uso de histórias, exemplos de sucesso, para motivar a criatividade e a reflexão nos trabalhos. Aprender e vivenciar o método pela prática pode ser um ganho para empresários e professores.
Mas teremos mais ainda: haverá grupos trabalhando em mesas distantes (redondas ou não) que estarão em outras cidades ligadas aos trabalhos em Curitiba por internet ou satélite, e suas conclusões serão tão locais, válidas e tempestivas quando as das pessoas que estiverem no Global Forum em Curitiba. Tudo acontecerá via satélite e Internet.
Como será nosso (delas) comportamento com essa tecnologia? Como as pessoas produzirão? Que ganhos poderemos ter aplicando o modelo no futuro? Essas respostas são benefícios colaterais, positivos, que teremos da participação no GFAL. Participe e ganhe isso também.
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